domingo, 16 de dezembro de 2007

Aluna da Corvinal






Autoria do desenho: Deborah Alves
Título: Tetê - aluna da Corvinal
Inspiração: "Harry Potter"
Basicamente, Debbie ligou me perguntando a qual casa da escola de magia de Hogwarts eu gostaria de ter pertencido? Respondi-lhe que, apesar de eu saber que as casas de Sonserina e de Grifinória serem as mais focadas, eu achava uma covardia o descaso para com as outras casas e tinha uma em particular que eu gostava muito, cujo símbolo era o corvo. Eles pareciam apreciar os estudos. "Ah! então é a da Corvinal!" Era. Debbie pegou uma foto minha de quando fui a uma festa de Halloween vestida de estudante japonesa (se bem que ela mesma espalhara para todos do grupo de RPG Vampiro - A Máscara que eu iria fantasiada de Sailor Moon), desenhou-me e trocou a farda pela da de Corvinal. Ficou superbem. "Mas, Debbie, eu tenho foto mais recente, essa já faz vários anos, né? "Tem nada não! estudante com cara de 30 não convence!" . OK. Tá. Ser balzaquiana é fogo.... ai, ai...

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

"Um Lápis no Coração"

Título sugestivo para esse site que coordena confidências bem-humoradas, banda desenhada (tirinhas) e fotografias da artista Laurel. É o título do blogue da Laurel, uma francesa cujos desenhos me encantaram e passei a ser uma visitante freqüente. Obviamente, o conteúdo está todo em francês. Para os francófonos, eu aconselho a visitá-lo. Vale a pena e a pluma.

Mas para os que não dominam a língua, pas de problème! muitas das imagens já falam por si só. Vale conferir!

Na postagem de 20 de setembro deste ano, ela escreveu:

"Je ne comprends jamais" (eu nunca entendo)
(tradução: Nãããão!!!! eu vou perder o jogo Paris vs Itália no sábado!!!)

Hilário. qualquer mulher que já tenha convivido com um fanático por futebol sabe o que isso significa. Hehehe....

Mais uma, só para finalizar:

hehehehe....

Oração das Mulheres



Oração das mulheres

Que o mar vire cerveja e os homens, tira-gosto,
Que a fonte nunca seque,
e que a nossa sogra nunca se chame Esperança,
porque esperança é a última que morre...
Que os nossos homens nunca morram viúvos,
E que nosso filhos tenham pais ricos e mães gostosas!
Que Deus abençoe os homens bonitos, e os feios... se tiver tempo;
Deus... Eu vos peço sabedoria para entender um homem,
amor para perdoá-lo e paciência pelos seus atos,
porque Deus, se eu pedir força, eu bato nele até matá-lo.
Um brinde... Aos que temos, aos que tivemos e aos que teremos.
Um brinde também aos namorados que nos conquistaram,
aos trouxas que nos perderam
e aos sortudos que ainda vão nos conhecer!
Que sempre sobre, que nunca nos falte, e que a gente dê conta de todos!

Amém.

(autora: anônima)

No Anorexia!


Campanha com modelo anoréxica rouba a cena na Semana de Milão
Uma campanha publicitária que usa uma modelo anoréxica está roubando a cena na abertura da Semana Internacional da Moda de Milão.

Os anúncios, expostos em jornais e outdoors italianos, mostram uma modelo nua sob os dizeres "No Anorexia" ("Não Anorexia"). A modelo é a jovem francesa Isabelle Caro, que pesa apenas 31 quilos.

A campanha é cria do italiano Oliviero Toscani, conhecido pelas polêmicas campanhas da Benetton nos anos 80 e 90 que usavam fotos abordando temas como Aids, guerra e racismo.

Em entrevista à BBC Brasil, Toscani defendeu a nova campanha, dizendo que, em contraste com o corrente no mundo da publicidade de moda, ela busca uma aproximação com a "condição humana".

"Toda a publicidade de moda e as revistas e os jornais de moda se afastaram dela, se tornaram abstratas, esvaziaram o ser humano. A gente olha essas campanhas e vemos o vazio, e dizemos a nos mesmo: essas pessoas são como garrafas vazias", diz Toscani.

Prioridade

A campanha, da griffe de moda Nolita, contou com o aval do Ministério da Saúde da Itália.

A luta contra a anorexia é uma das prioridades do governo do premiê Romano Prodi. Hoje, cerca de 2 milhões de italianos sofrem da doença e de bulimia.

A ministra da Saúde Lívia Turco afirmou, em nota oficial, que “uma iniciativa como esta é importante para abrir um canal de comunicação privilegiado com o público jovem, através de uma mensagem clara e capaz de chamar a responsabilidade para este drama”.
Oliviero Toscani criou a campanha tendo em vista um público muito mais amplo do que os consumidores de moda.

“A idéia não é uma campanha para o povo da moda, mas sim para quem olha para moda, para as meninas, as jovens, as estudantes, todos os públicos. O rei está nu”, disse ele.

O fotógrafo, que já tinha abordado o tema em um filme que chegou a ser apresentado no festival de Locarno, acha que "a responsabilidade deste problema não é apenas do mundo da moda".

"Existem as mães, a família, a desilusão de quem não se identifica com a imagem projetada pela mídia. Uma garota vê uma foto de moda ou uma imagem da televisão e pensa consigo mesma: 'Eu não poderia nunca ser assim', e assim tenta desaparecer, se auto-destruir, é um drama”, afirmou Toscani.

Ele conta que não foi difícil encontrar uma menina anoréxica. “Eu a procurei com um diretor de cinema busca uma atriz para um filme.”

'Imoral'

Mas vender roupa usando como imagem quem não tem como vesti-la não foi uma estratégia fácil de ser colocada no mercado. O principal jornal da Itália, o Corriere della Sera, se recusou a estampar a fotografia.

A campanha também ficou longe das ruas da França, sendo vetada nos outdoors. “A justificativa era de que a imagem era imoral. Não somos, ainda, civilizados“, afirmou Toscani.

Toscani acredita que, mesmo com a polêmica em torno da campanha, ela deve ter bons resultados.

“Acho que isso pode ser o começo de um novo ciclo de publicidade, vamos ver o que acontece. Não são tantos os clientes que possuem a coragem de fazer uma campanha como esta. Todos pensam que a comunicação publicitária deve ser falsa ou artificial, mas eu acho que se pode fazer algo interessante e tirar vantagens econômicas ao mesmo tempo.”



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A recusa do povo em saber a verdade é algo que sempre me fascina. É como se dissessem: "Por favor, não nos mostre que não queremos saber que isso de fato existe."

Estranho, para dizer o mínimo, essa negação da realidade.


Toscani tem razão. E está de parabéns por tentar alertar o povo dos males atuais.

A professora me deu 9,0 pelo rascunho!


Charge de Clayton, no Jornal O Povo

Fiscalizava uma prova de redação para o 8º ano. Um dos alunos, sem pretensões de fazer a prova, pendurou em sua orelha um brinco um pouco longo e começou a brincar... balançando a cabeça para ver se alcançava o brinco com a própria boca.... Éééééé..... o negócio estava sério. Resolvi - de pura bandalheira e para não ver mais essa cena dantesca - fazer um rascunho da seguinte proposta:

Redija uma carta de indignação sobre o caso Renan Calheiros.
Eis meu rascunho:

Estava à toa na vida, mas nenhuma banda apareceu. Que saudades dos tempos que não vivi! Quem sabe assim, eu não estivesse no mais profundo desencantamento com o atual quadro político.

O pior: a consciência de que tal corrupção sempre existiu, apenas hoje estamos cientes dos fatos. E quem disse que provar da fruta da árvore do conhecimento traz felicidade? estamos mais sabedores e sofrendo mais por averiguar que, no final, a impunidade permanece a mesma. E Renan Calheiros está a provar isso.

Sentimo-nos escorraçados, ainda que metaforicamente, do éden da ignorância e ansiamos por nos cobrir, envergonhados de tanta injustiça reinante neste país.

Indignação? não somente, mas sobretudo frustração impotente. Porque é quase certo que o resultado do Mensalão não tenha realmente surpreendido uma grande maioria. Mas é inegável que havia, sim, no mais recôndito fio de esperança, uma sede de justiça luzindo. E que triste a realidade. No mínimo, decepcionante.

O que resta ao povo - assim como eu - fazer? Ficar à toa na vida, na esperança do velho binômio "pão e circo" aplacar, miminizar essa indignação.

Tetê Macambira

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Naruto



O Yahoo! está com uma proposta interessante: alguém posta uma pergunta e os demais podem respondê-las. A cada resposta o usuário ganha pontos. Ao fim do prazo do tempo para respostas, o dono da pergunta escolhe a melhor resposta; mais pontos para o respondedor!

E uma pergunta saltou: O que vc acha do Anime/Mangá Naruto?

Aqui vai uma versão mais estendida da minha resposta:


As personagens representam um quadro complexo de arquétipos e é interessante perceber com qual deles a pessoa se identifica; isso dirá muito do que ele pensa acerca de si mesmo.

São personagens inclusas num mundo neo feudalista, de poder aquisitivo médio a pobre, no qual desde cedo se tem que trabalhar a fim de obter o próprio sustento. Como se trata de uma vila, ainda por cima "oculta", ou seja, inacessível - ou quase - aos demais, a população mantém laços estreitos entre si mesmos. Fazem de tudo a fim de proteger as pessoas que lhes são caras e a própria vila (sentimento de família e pátria).

Naruto é apenas um pretexto para que se apresente as histórias (quase sempre dramáticas) das outras personagens, na maioria, jovens que têm que aprender a crescer rapidamente e que buscam o RECONHECIMENTO (palavra essa muito repetida em quase todos os episódios) pelo seu valor intrínseco, chegando mesmo ao limite de suas forças, não importando se vão se bater contra alguém mais forte. A superação é vital a eles.

Como se não bastasse, há - pelo menos - três empecilhos para que Naruto não seja considerado como um igual entre os jovens de sua aldeia e os demais habitantes: primeiro, ele é órfão (quem são os pais de Naruto? isso não é respondido desde o início para que a surpresa, no final, seja maior); segundo, ele mantém um monstro em si, um monstro que destruiu a vila no passado (estranho... foi por causa dele que a raposa de nove caUdas - e não caLdas, como o animê traduziu... grlll... - pôde ser "reduzida" a um selo no umbigo de Naruto; ou seja, ele poderia ser considerado o guardião do monstro e não o próprio monstro... ah, ignorância! como dóis aos outros!); terceiro, ele é burro! burro! burro! e burro!... Tapado mesmo! E, pior: adora chamar a atenção, faz barulho demais, é crédulo demais.... Nossa! é de uma inocência que chega a ser ridicula!

Mas é isso que o torna tão humano. ^^ ... ele está a milhas de distância longe da perfeição; são essas idiossincrasias dele que fazem a gente rir e balançar a cabeça quando nos deparamos com mais uma "rata", um lapso dele.

Engraçado que Naruto me lembra um clássico e outro fenômeno da literatura infanto-juvenil: o primeiro seria "Oliver Twist", de Charles Dickens e o segundo, de Howling (eu aho que esqueci como é que se escreve...), "Harry Potter".
Assim como estes, Naruto também sofre horrores do seu meio social por ser diferente dos demais.

Enquanto Oliver Twist é explorado por ser órfão e levado a um sistema semi escravocrata na Inglaterra do final do século XIX, sua vontade de fugir é imperiosamente necessária à sobrevivência e à sua sanidade mental. Num mundo onde ele só conhece violência, as grades de ferro da sua prisão enferrujadas cedem à sua vontade de se evadir e ir em busca da conquista de uma posição social onde ele possa ser reconhecido como alguém capaz e digno de admiração.

Harry Potter sofre o mesmo conceito, mas as suas grades não se enferrujam, ele escapa para um mundo mágico no qual ele é reconhecido , mas mesmo assim sofre perseguições e tem que se empenhar mais e mais em permanecer fiel aos seus próprios ideais.

Naruto sofre mais do que esses dois, posto que ele convive num isolamento moral e seu empenho não é apenas em ser reconhecido, mas superar a si mesmo. Eu gostaria de saber o quanto o Quarto Hokage sabia que o filho não o decepcionaria? (reza a lenda que Naruto é filho do Quarto Hokage, o que selou a Kyubi no umbigo de Naruto... ops! não era para contar, não?... foi mal.... hohoho)

O que nos fascina nesses personagens é como eles conseguem ser gentis e preocupados com os outros. São não tão inteligentes, todavia esbanjam carisma e persistência. É a essência de ser um bom homem que permeia essas histórias e nos leva a ficar com aquela trava na garganta enquanto seguimos, aflitos, as façanhas e as peripécias desses jovens que descobrem que podem ser bons, apesar de todas as dificuldades.

E sabendo que nossos jovens estão adorando assistir a esses episódios ou a lê-los, temos esperança de que o futuro poderá, sim, sorrir. porque nossos jovens ainda gostam de histórias que os façam ter vontade de crescer moralmente.

Para saber mais:

http://www.naruto.com.br/

Para baixar episódios de Naruto:

http://www.redeunlimited.com/

terça-feira, 14 de agosto de 2007

HEIM??.. acabaram as férias?... ah...





















Ressaca de fim de férias tem direito a virose, dor de garganta, conjuntivite... tudo reunido numa linda festa em seu corpo a fim de brindar a volta às aulas. Aff!...

Mas estou de volta. Com vontade de fazer mais do que no semstre passado (o que não significa muito). Mas as férias sempre são um pedaço de tempo no qual podemos reavaliar alguns pontos.

E eu cheguei á conclusão de que estou sentindo falta de classe. Mas não na frente da sala! ali, sentada anonimamente - de preferência - assitindo algum curso de laguma coisa que possa me interessar. Saudade de ser estudante de novo.

E é isso. Vou investir um pouqiuinho mais em minha reciclagem e em meus estudos. Nem que eu tenha que me desdobrar.

Livros, aguardem-me!

quinta-feira, 12 de julho de 2007

De férias..... na maior preguiça

As férias ideais?

nada de despertador tocando, nada de horários... aliás; para que relógio nas férias, senão para saber a sessão do cinema, do teatro e da programação da TV?

Acordar bem é uma técnica desenvolvida após muitas e exaustivas sessões de sonoterapia; dormir muuuuuuuuito sem se preocupar com a hora de acordar. Café da manhã às duas da tarde, almoço às cinco, jantar às dez e meia. Se der, pequena ceia à uma e meia da manhã. O chá? às quatro e meia...da manhã. Aliás, pode-se trocar tudo! os japoneses costumam comer peixe, sushi e o escambau deles que se pareça com nosso arroz-e-feijão de manhã quando acordam. Ao meio-dia, comem sanduíches ou pães.


Bem, se não quiser fazer como os nipônicos, basta ver o povo do Cariri, interior do Ceará; às dez da manhã eles lancham: cuscuz, carne moída e arroz - é o que chamam de "gostosinho". Ou, mais hard core ainda: uma tapioca, carne moída, um ovo frito, cheiro verde e tomate picadinhos em cima dessa tapioca, outra tapioca "fechando" isso tudo e uma xícara do caldo da carne por cima para dar a liga ao sandubão. Encarei esse café da manhã uma vez que fui por lá. Geeeeeeente... só fui ter fome de novo lá pelas cinco horas da tarde. ufaaa....

Afinal, para quê relógio controlando as férias?

BOAS FÈRIAS A TODOS!!!!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Abraço de prata



Desejo que todos possamos ser abençoados pela divindade que acreditarmos e termos uma boa vida:

sem violência, sem desunião, sem intriga, sem teorias da conspiração, sem estratagemas, sem promessas, sem angústias, sem necessidades, sem desemprego, sem filas nos hospitais, sem crianças morrendo, sem idosos maltratados ou esquecidos, sem mulheres sendo surradas, sem problemas na educação, sem problemas, enfim....

porque recebi cem abraços fortes e sem fim de ti ontem e, por um instante apenas, me pareceu que o mundo poderia ser um bom lugar para vivermos. As asas, digo, os teus braços me envolveram como se me dissessem que ainda devo manter a esperança e acreditar na humanidade - só porque me abraçaste.

Oxalá cada homem, mulher e criança pudesse ser abraçado por alguém como fui abraçada por ti, ontem. O mundo? seria um sorriso só.

(Tetê Macambira)


Post-scriptum: para Ana Beatriz, uma linda menininha de quatro anos que sempre quando me abraça forte, me dá vontade de chorar de alegria. ;D

sábado, 23 de junho de 2007

Só uma palavrinha:


Desejando que todos vocês tenham um fim de semana fabuloso e que realmente aproveitem!

Até o início de julho! terei que descansar neste fim de semana para agüentar o tranco final de antes das férias.

Thinking Blogger Award


Se Graça Maciel se achou uma "besta", uma "loura na informática", por não entender que o Thinking Blogger Award era uma brincadeira de passa e repassa, eu sou uma lesma, uma tartaruga manca, uma preguiça com dor de barriga, já que só estou a responder agora.

Pelo que me consta, o Thinking Blogger Award foi idealizado por Madalena, uma menina que mora em Leiria, de 10 anos de idade. Consiste no seguinte: cada selecionado escolherá, por vez, outros cinco blogues que ache superinteressantes. Não poderá constar, dessa lista, o nome daquele ou daquela que o indicou. (Mau...., isso elimina o Inflorescências, da Graça Maciel. :/ )

Justificativa não muito justificável para o meu atraso: quando fui selecionada por Graça M., acabara de ingressar no blogue e ainda não havia invadido os blogues alheios. Encontrei o Inflorescências por puro e fortuito acaso.

Mas, vamos às minhas escolhas, ainda que tardia:

01 - Uppers and Downers
O blogue da Debbie Alves é co-responsável por eu ter feito o meu; afinal, os textos que ela escreve e expõe aqui são ou hilários ou extremamente ternos. Adoro o jeito como ela escreve, informal, mas pontuado por um bom vocabulário, traduzindo as mazelas do cotidiano de qualquer jovem neste mundo de hoje.

02 - Pedra e Fome
Antônio Filho se manteve fiel ao seu discipulado de Francisco de Carvalho e João Cabral de Melo Neto. A dureza da pedra e a linguagem cinematográfia de Oswald de Andrade se mesclam em textos poéticos, carregados de um lirismo nada "meloso", antes pelo contrário, chega quase a ser brutal. Reminiscênias, ensaios rápidos, poesias, textos que nos carregam numa velocidade pelo mundo e pela noite.

03 - Fragmentos
Hannah Abrãao. Mulher de poucas e decididas palavras. Leveza e rapidez mescladas na dose certa. Paixão. Fogo. Mulher.


04 - Cabaret Veludo
Apesar do tom extremamente confessional, Wagner extrapola a si mesmo e abre o confessionário alheio; exposição de medos, angústias, terrores, prazeres secretos são a tônica dessa enxurrada poética que são muito bem definidos pelo título do blogue, quase um livro aberto a todos os leitores de bom gosto.

05 - Entre os Olhos
Mamãe, quando eu crescer, quero escrever igual ao tio Billy. Hehehehe.... Lenildo nos presenteia com vários e sucessivos "murros na boca do estômago" com seus micro textos, verdadeiras pílulas da violência contida em cada ser humano. Lê-lo é ter noção do diabinho querendo saltitar para fora de nós mesmos sempre que somos contrariados no dia-a-dia.


DEMOROU!!!!!!!!!!!!!!!! Agora, fica com meus amigos bloguísticos a responsa de indicarem outros cinco.

Até a próxima!

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Dormir é muuuuuuuito bom....



Sofro de insônia desde os meus 7 anos de idade. Aos 17, pensava ter resolvido ao ler o famoso livro "Como Evitar Preocupações e começar a Viver", do primeiro grande autor de livros de auto-ajuda, Dale Carnegie. Realmente, as técnicas dele de auto-sugestão e relaxamento me levaram ao sono durante alguns anos.

Mas acabou. Meu corpo criou resistência a esse método.

Minhas férias estão a chegar. Não dou cinco dias para que meu corpo resolva - por si só - trocar a noite e a madrugada pela manhã ou mesmo pela tarde.

Alguns chamam isso de relógio biológico. Não sei do que se trata, só sei que já tentei de todo jeito sentar-me ao computador à tarde no intuito de trabalhar um bocado em casa... quando simplesmente despenco de sono. Tenho que desligar o T1 às pressas a fim de correr para os lençóis murmurantes (sim, eles insidiosamente murmuram convidativa e irresistivelmente meu nome cada vez que passo pelo quarto às tardes...).

Resultado: trabalho noite e madrugada adentro acordada como uma coruja e quando chega de manhã.... a vontade de jogar o despertador no outro lado do quarto é devastadora.


Cometi desatinos: dormir às quatro para acordar às cinco e meia. Ou: virar a noite toda acordada e ir trabalhar na manhã seguinte. Interessante - a maioria das vezes dá certo, não sinto sono pela manhã. O mal é se no dia tenho que cumprir horário na manhã... e na tarde também. Aí, neguinho, é caixão preto, vela de 7 dias e uma coroa de flores. Tiau!

Bem, com tudo isso... amanhã terei que acordar às sete horas da manhã, o relógio já marca 1 hora da manhã e eu me encontro em plena efervescência criativa. As questões a serem elaboradas parecem pulular em minha mente subitamente desperta de vez.

Mas, deixem-me ir, por favor! Controle. Eu controlo a minha vida. Eu sou dona da situação. (se eu disser isso muitas vezes, poderei acabar acreditando, né? Auto sugestão pode fazer milagres).

Sem falar que estou atrasando quase o meu andamento do serviço. Organização. Programação. Agenda! - palavrinhas fáceis e que podem facilitar no cotidiano. Mas incluí-las no cardápio do dia não parece ser a minha linha particular. Meu horário se faz por si só.

Mas agora eu vou. Juro. Não vou contar mais nenhuma de insônia. Nem de sonambulismo.

Falando em sonambulismo.... que coisa estranha é essa que ataca a gente quando menos esperamos?

Tá, tá, tá... entendi. Para a pŕoxima. claro. Tens razão. OK!

Fui!

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Até a manhã





Amanhã é feriado.
Esperando por esse dia como se fosse minha própria salvação.

Amanhã chegará.
De manhã.... não sei.
é feriado....

Cansada.
Até a manhã.


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Bom feriado a todos!

sábado, 26 de maio de 2007

Antes de pendurar as chuteiras









Antes de Pendurar as Chuteiras
(Um diálogo sobre fotografia no MSN)

Personagens:


Tetê Macambira - deslumbrada ex-aluna de fotografia do professor Pedro
Pedro Humberto - crítico, fotógrafo e professor do curso de fotografia

Local
: internet

Época
: atual




Tetê: Olha que foto maravilhosa! o que tu achas?

Pedro: Boa luz, cores fortes, sem sombras....

Tetê: Mas só vês o lado técnico?

Pedro: O que queres? Eu sou técnico - era engenheiro antes de ser fotógrafo!

Tetê: Mas não dá para ser só técnico quando se vê essa foto! Olha só a simbologia contida nela!

Pedro:... Tipo?!?...

Tetê: Ora, as meias protegem os pés do atrito com os sapatos, que por sua vez significam trilhas caminhadas, percorridas, idas e vindas, ...

Pedro: A vida, a própria vida....

Tetê (animada): Sim! isso mesmo! já começas a perceber o meu ponto de vista!

Pedro: Os passos que foram dados... ou não

Tetê: Sim!! e estraem penduradas no varal, significam uma parada, um momento ...

Pedro: Um descanso, uma pausa para relaxar...

Tetê: Isso! Ou até mesmo, quem sabe? uma tentativa de se vivenciar os caminhos mais arduamente, mais plenos de.....

Pedro: Dor, calos, ...

Tetê: Isso! representantes das dores do homem. Mas também o título...

Pedro: O que tem o título?

Tetê: "Antes de pendurar as chuteiras". Isso quer dizer que pode ser apenas uma pausa, um hiato na vida, uma preparação para o adeus definitivo....

Pedro: Ou apenas um descanso mesmo.

Tetê: Um instante da cotidianidade roubada do tempo, representando tantas idéias, tantas dores... tantos "calos"...

Pedro: E também chulé.

Tetê: ...?????... heim?...

Pedro: Ora, não posso ver meia sem pensar em chulé. Meias são chuluzentas!

Tetê (indignada): Ah... tá. Esta vai ser a grande, a máxima frase do dia: "Meias são chuluzentas". Imagine só!!!

Pedro: E não é? Aquelas meias fedidas, suadas do dia todo...

Tetê: Tu não tomas jeito mesmo!! continuas o mesmo crítico feroz de sempre!

Pedro: Mas o que foi que eu disse de mais?!?...

Tetê: Naaaaaada, imagina!!! nadinha de nada. Eu é que não vou convidá-lo para ver a MINHA exposição de fotos, nunquinha!

Pedro: Ora, mas os técnicos são necessários. De que será sua exposição; de sapatos?

Tetê: Não!!!!! de cataventos. Sabe aqueles cataventos gigantescos que servem para puxar água nos interiores do Brasil?

Pedro: Sei...


Tetê: Pois! Serão os meus modelos!

Pedro: Bom é que eles não terão muita reclamação a fazer. Ruim é que eles não ofereçam muita mobilidade nem poses diferentes...

Tetê: É, mas no dia da exposição, sumo do teu mapa!

Pedro: Ora, por quê? Cataventos são legais. Implicam na passagem do tempo,

Tetê (perplexa): ?????

Pedro: ... nas forças da natureza, na economia de força bruta graças à inteligência humana,...

Tetê: Sim!!!!!!!!!!

Pedro: Como eu disse, cataventos são legais e não fedem a chulé!

Tetê: Como tu podes dizer um negócio desses?

Pedro: E não é?... Cataventos podem ter ferrugem, inspiram a idéia de ventos, de força, de água sendo bombeada, da vida... Mas não têm pés e, sendo assim, não são chuluzentos.

Tetê (resignada): Tu não tens jeito, mesmo!

Pedro: Mas pode me convidar para quando fizeres tua exposição. Vou adorar ver todos aqueles cataventos...

Tetê: Tá. Porque cataventos não têm chulé.

Pedro: Isso mesmo.

Tetê: E você vai se sentir refrescado só de olhar para aquele monte de fotos de cataventos....

Pedro: Aí, depende.... na exposição vai ter um daqueles ventiladores de cinema, arrastando a gente?

Tetê: Claro que não! Que ideia!

Pedro: Por que não? Olha que ia criar um clima extra, assim.. digamos, interativo.

Tetê: ????

Pedro: Já pensou? O povo olhando aquelas fotos de cataventos rodando e sentindo uma "puxa" brisa no rosto?

Tetê: E eu, pensando apenas em ilustrar com um catavento de verdade, mais um monte daqueles de papel para entregar como lembrança...

Pedro: Que coisa mais infantil.

Tetê: Ora!!! não entendeste a relação?.. de um mero brinquedo de criança à uma realização útil para o homem?

Pedro: Ainda está muito infantil.

Tetê: CHEGA!!!!!! Não vou mais fazer $%$&$@# de exposição coisa nenhuma!

Pedro: Por quê? A ideia de cataventos é legal. Eu só estava brincando com a idéia do ventilador.

Tetê: Desisti dos cataventos. Sou eu agora quem vai pendurar as chuteiras, as meias, tudo! Muito complicado. Vou fotografar agora uma coisa melhor.

Pedro: O quê?

Tetê: A poeira.

Pedro: É... eu acho que tenho que ir... Fui!

Tetê: Hehehehe... é brincadeira, visse?.... Pedro????... Cadê tu?..

Pedro: .....

Tetê: Ué! Ele acreditou!

(Fecham-se os diálogos)


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Pedro Humberto existe e o diálogo sobre a foto acima realmente existiu, obviamente sem todos esses melindres, mais de 60% se deve à minha imaginação, que não é pouca. Também devo acrescentar que Pedro nunca sairia do ar assim, sem aviso prévio. Ele é muito educado para isso.


Mas uma coisa é certa: ele realmente brincou com a idéia de: meias = chulé.

Ele foi meu professor de fotografia há 14 anos atrás, na Casa Amarela. Na época e, se não me engano ainda hoje, foi e é considerado o melhor curso de fotografia da cidade. Pelo menos, para mim, foi. Depois dele, ainda fiz o curso de fotojornalismo, outro de fotografia,... Mas nenhum supera o que eu pude aprender com meu professor, que por mais sério que pareça, tem um senso de humor irônico e extremamente radical.

E, para ele, só de pirraça, dedico esta outra foto que achei na net, e cuja autoria não pude definir:

sábado, 19 de maio de 2007

Mulheres Perfeitas



Assistir a mais um desdobramento de Nicole Kidman parece mais uma absorvente experiência cinematográfica. Sem dúvida, Nicole é uma das raras profissionais do cinema que conseguem se ajustar à nova personagem como se fosse apenas uma troca de vestuário. Ela é intensa. E esse é o único adjetivo que melhor se ajusta à sua "camaleonice". Ora santa, ora pecadora, Nicole nos arrebata, pois parece introjetar em si toda a essência que aquela personagem exige e transmiti-la como sua própria verdade, e não uma verdade alheia. Ela, Nicole Kidman, é um monstro. No bom sentido para o telespectador de suas múltiplas façanhas no telão. Só pela interpretação dela, já vale a pena assistir ao filme.

Nas primeiras cenas, logo me apercebi de estar vendo uma refilmagem. No entanto, continuei, absorvida pelo impacto "Kidman". Fui obrigada, de bom grado, a assistir a todo o filme. E pude deliciar-me com o inesperado "happy end" emprestado da contemporaneidade cada vez mais com temperos medievalescos.

"Stepford's Wives" é o nome original do livro que, na década de 70, foi sinônimo de grito pró-feminista e contra toda a pretensão machista-burguesa masculina. No Brasil, o livro de Ira Levin teve como título "Casa de Bonecas". Já o filme, de 1975, com o título de "As Esposas de Stepford", foi por mim assistido anos depois de sua veiculação numa daquelas noites de insônia acompanhada pela (quase) fiel programação do Corujão. Lembro-me perfeitamente do impacto que o filme me causou, anos atrás. Principalmente pelo final pessimista.

Se o diretor Frank Oz preferiu finalizar de uma outra forma, talvez tenha sido graças à necessidade do "novo homem"; um homem atualizado com as mudanças no plano feminino e que possa acompanhar a mulher sem ter pejo de sua pretensa inferioridade. Pois que um homem não será inferior a uma mulher apenas por não ser ele o Provedor da casa. Ficou isso bem esclarecido no filme, quando Nicole/ Joanna, ao final da trama, quando os outros maridos se revoltam com Matthew/ , dizendo que ele era um "Maricas!", ela rebate enfática mas suavemente: "Não. Que homem!". Os olhos apaixonados e respeitosos dela resumem a mensagem do filme - Sim, é difícil para os homens conviverem com mulheres que lhe parecem superiores, mas aceitá-las, amá-las, respeitá-las é prova da mais profunda masculinidade que uma mulher atual e ativa possa desejar. Isso, sim, é um homem de verdade que deseja ao seu lado uma mulher de verdade e não uma boneca programada para os desejos dele.

Uma fábula modernizada para os tempos atuais.

Críticas negativas? Sempre as há, lógico! Apesar do elenco majestoso, os outros atores mais parecem pertencer ao cenário do que viverem nele. Há uma falta de continuidade, quando, por exemplo, é descoberta a trama e as mulheres enquadram seus respectivos maridos. Nicole, Mathew e Glenn tomam a cena. E lá atrás, todos ficam parados. Inexplicavelmente.

Mas, de qualquer forma, vale a pena assisti-lo. Mas sem grandes expectativas.




Sítio para saber um pouco mais do filme "Mulheres Perfeitas", de 1975: http://www.dvdpt.com/m/mulheres_perfeitas_1975.php

Sítio para comentar sobre este filme:
http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/mulheres-perfeitas/mulheres-perfeitas.asp

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Coração Materno


Coração Materno
esquete teatral tipo play-back

baseada na canção homônima de Vicente Celestino

Personagens: Chico - campônio / Pedro Yuri
Dora - mulher do campônio / Luana Jucá

Maria - mãe do campônio / Jéssica
Fofoqueiros / Luana Normandia e Iago

Meninos jogando bola / Marcelo Filho, Rei
naldo Braga, Guilherme
Narradora / Nayanna Laleska
Tempo: atual
Cenário: estrada e oratório


(Dora está aborrecida. Chico tenta de tudo: abraçá-la, ela o repele; beijá-la, ela se afasta esfregando o rosto com a palma da mão como se estivesse enojada dele. Perceb-se claramente que ela está aborrecida com ele. Desesperado, ele se joga aos pés dela e, enquanto ela vai se afastando, ele - ainda de joelhos - faz súplicas com as mãos e expressão facial)


NARRADORA: Disse um campônio à sua amada: "Minha idolatrada, diga o que quer! Por ti vou matar, vou roubar. Embora tristezas me causes, mulher, quero provar que te quero!"


(Enquanto a narradora recita o texto, Dora e Chico contracenam. Dora parece querer rir, mas prefere testar mais o amor do seu Chico.)
NARRADORA: E o campônio continuou: "Venero teus olhos, teu porte, teu ser. Mas me diga, por favor! Espero a tua ordem! Por ti faço tudo, nada mais me importa, posso matar ou morrer!"

(Nesse instante, Dora se vira com um leve sorriso e "fala" ao marido)

NARRADORA: E a esposa, para brincar com ele, disse-lhe: "Se a tua louca paixão é mesmo de verdade, então parte, vá! agora mesmo e para mim vá buscar o coração inteiro de tua mãe!".

(Chico se levanta ao fim dessas palavras e vai para o outro lado do palco, onde se encontra, desde o início, Maria rezando seu terço. Dora, ao vê-lo sair, cai desesperada, chorando, no chão da estrada. Era tudo uma brincadeira, ele não percebera?)

NARRADORA: E a correr o campônio partiu, como um raio na estrada sumiu. E a sua amada, ficou tal qual uma louca, e na estrada a chorar tombou, caiu. Ao chegar à choupana onde sua mãezinha morava, encontrou-a, ajoelhada, a rezar por ele. O demônio rasgou-lhe o peito, fazendo tombar a pobre velhinha aos pés do altar. tira do peito sangrando da pobre mãezinha o pobre coração.

(Obviamente que, enquanto a narradora diz o texto, Chico surpreendeu a mãe rezando e rasgando-lhe o peito, pegou-lhe o coração, levanta o coração sobre a própria cabeça, com ar de vitorioso, enquanto a narradora prossegue:)


NARRADORA: Com o coração nas mãos, o monstro proclama, muito contente: "Vitória! vitória! aqui está a prova da minha paixão!" e sai, rindo, com o coração.
Mas no meio da estrada caiu e uma perna sua partiu

(Na estrada, os fofoqueiros observam-no e comentam, murmuram, escandalizados. Os meninos jogando bola, acertam-lhe uma bolada, da qual o faz cair e derrubar o coração, que salta longe. Ele fica parado, com cara de quem está sentindo dor na perna, que se machucou)


NARRADORA: Saltou-lhe da mão o pobre coração, que caiu sobre a terra à distância. Nesse instante uma voz ecoou:

VOZ (em off - voz preocupada e doce, típica de mãe): Machucou, filho meu? Vem buscar-me, filho, que aqui estou. Vem buscar-me, que ainda sou teu.

(Música de Vicente Celestino: Coração Materno. Os atores se dão as mãos e agradecem à platéia. Música abaixa. )

CHICO: Boa noite a todos. Esta apresentação tem como objetivo homenagear as mães e reconhecer que coração materno perdoa sempre as mágoas que os filhos fazem. Obrigada, mãe, pelo seu amor incondicional. Esperamos não magoá-las tanto.

TODOS: Feliz Dia das Mães!


(Fecha-se o pano)

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Foto ilustrativa nesta postagem
Título: Mãe
Autor: desconhecido

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Site: http://vagalume.uol.com.br/vicente-celestino/coracao-materno.html
(Música original que inspirou a esquete acima)


Vicente Celestino - Coração Materno

Disse um campônio a sua amada
Minha idolatrada
Diga o que quer
Por ti vou matar
Vou roubar
Embora tristezas me causes, mulher
Provar quero que te quero
Venero teus olhos, teu porte, teu ser
Mas diga, tua ordem espero
Por ti não importa matar ou morrer!

E ela disse ao campônio a brincar
Se é verdade tua louca paixão
Parte já e pra mim vai buscar
De tua mãe inteiro o coração
E a correr o campônio partiu
Como um raio na estrada sumiu
E sua amada qual louca ficou
A chorar na estrada tombou

Chega à choupana o campônio
Encontra a mãezinha ajoelhada a rezar
Rasga-lhe o peito o demônio
Tombando a velhinha aos pés do altar
Tira do peito sangrando
Da velha mãezinha o pobre coração
E volta a correr proclamando
"Vitória! Vitória! Tem minha paixão!"

Mas em meio da estrada caiu
E na queda uma perna partiu
E à distância saltou-lhe da mão
Sobre a terra o pobre coração
Nesse instante uma voz ecoou
"Magoou-se pobre filho meu?
Vem buscar-me, filho, aqui estou
Vem buscar-me, que ainda sou teu!"

Site sobre Vicente Celestino: cifrantiga3.blogspot.com

domingo, 6 de maio de 2007

Teus Olhos





Nossa... como faz tempos!

Visitando o flogão de uma conhecida, dei com a imagem belíssima acima. Mas a mensagem... me fez vasculhar o passado dos meus versos de fundo de gaveta.

Não me perguntem o nome do "muso", não faço a mínima idéia. Foge-me na poeira do tempo seu nome. Mas o seu olhar... isso ainda me lembro. Foi uma das raras vezes que alguém me deixou sem palavras e sem jeito. Ele conseguiu com que eu me sentisse numa "sinuca de bico". Só com suas palavras e... seu olhar.

Costumava ler as revistinhas em quadrinhos na banca da praça, vizinha ao colégio. Como trabalhava pela manhã e estudava à noite, chegava mais cedo e folheava as bandas desenhadas (como se chamam as HQ's em Portugal) preferidas. Comodamente, havia um banquinho para habituées como eu. Instalava-me por lá mesmo e mergulhava na leitura. Certo dia, um rapaz de cachos castanhos e olhos verdes cismou de "puxar" conversa comigo. Ignorei-o ostensiva e insistentemente. Mas ele não se deu por achado; tanto fez, tanto brincou, tanto sorriu que acabei por dar-lhe a atenção que solicitava. Rendeu-me um bom pedaço de conversa deveras prazerosa. Hora da despedida. Com ares de superioridade (nossa, como eu era pedante! argh!!!) fui ensinar-lhe como se despedir de alguém: com um beijinho no rosto. Ato ensinado, girei na minha superioridade superior do tipo crente-que-tá-abafando, quando ele me rodou de volta, me tomou em seus braços e me roubou um beijo. (...). Ufa!... uau... é.. bem... para onde é eu que ia mesmo?... Aí, ele me OLHOU. "Agora aprendi como me despedir". Olhou-me mais uma vez e saímos para as nossas respectivas vidas.

Não foi à toa que, logo chegando em casa, tranquei-me no quarto e tracei as linhas acima. Bonitinhas, não? Engraçadinhas mesmo. Mas não vitais à humanidade. Apenas reminiscências minhas. Das que eu prezo, posto que pertencem a um doce passado. De quando eu quebrei a cara. =P

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Antes do pôr-do-sol



Encontro-me na fase de preferir as comédias românticas. De preferência, as mais românticas que comédias. Assisti, por um mero acaso, um filme que nunca ouvira falar nem encontrara comentário em nenhuma revista: "Antes do pôr-so-sol" ( no original: "Before Sunset"). A-m-e-i-! Uma história simples, mas bem contada.

Vamos ao resumo da ópera? Lá vai: Um escritor está lançando seu livro em Paris e nesse livro em questão, ele narra uma história de amor... sem final definitivo. Os jornalistas que o entrevistam, obviamente, sobre a história do livro e fazem perguntas se aquilo ocorrera de fato com ele, ou seja, ele encontrara uma moça francesa num trem e passara uma noite com ela e se eles se apaixonaram perdidamente um pelo outro? À medida que as perguntas são feitas, flash-backes (é assim mesmo que se escreve? nunca sei como pluralizar direito esses barbarismos) vêm à mente dele... com cenas da tal garota. Quase ao fim da entrevista, a mesma garota das lembranças dele, só que um pouco mais velha, adentra a livraria e acena discretamente para ele. Ele a vê, acena de volta e se despede de todos. Tem que pegar um avião de volta aos Estados Unidos. Só que antes, ele pretende fazer um passeio pelas proximidades de Paris com a tal garota. E, sinceramente, vocês não vão querer que eu conte o resto e estrague um bom filme, não é??

Assistam! Vale a pena o aluguel na locadora. Detalhe interessante: nenhum beijo, nenhuma cena de sexo. A conversa dos dois é o que importa realmente. E não é assim na vida real? Não nos apaixonamos pelos bate-papos que trocamos com o outro? O beijo ? bom, sim! Mas como pode um relacionamento durar mais de cinco meses só com beijos e algo mais? A troca de idéias é valorizada e embora eles mal se toquem, há intensa sensualidade implícita no ar.

Se puderem, assistam sem grandes expectativas. Apenas curtam. E, por favor, postem alguma coisa, algum comentário, OK? dizendo se já assistiram, se gostaram ou se odiaram e porquê...
Uma das "verdades" do filme poderia ser essa: filmes sem grandes bilheterias nem grandes produções também podem ser bons. Ou: Conversar sempre vale a pena.

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Julie Delpy - A Waltz For A Night
Julie Delpy
Let me sing you a waltz
Out of nowhere, out of my thoughts
Let me sing you a waltz
About this one night stand

You were for me that night
Everything I always dreamt of in life
But now you're gone
You are far gone
All the way to your island of rain

It was for you just a one night thing
But you were much more to me
Just so you know

I hear rumors about you
About all the bad things you do
But when we were together alone
You didn't seem like a player at all

I don't care what they say
I know what you meant for me that day
I just wanted another try
I just wanted another night
Even if it doesn't seem quite right
You meant for me much more
Than anyone I've met before

One single night with you little Jesse
Is worth a thousand with anybody

I have no bitterness, my sweet
I'll never forget this one night thing
Even tomorrow, another arms
My heart will stay yours until I die

Let me sing you a waltz
Out of nowhere, out of my blues
Let me sing you a waltz


About this lovely one night stand

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Julie Delpy - A Waltz For A Night (tradução)
Julie Delpy
Deixe-me cantar uma valsa para você
Vinda de lugar algum, vinda dos meus pensamentos
Deixe-me cantar uma valsa para você
Sobre essa única noite

Você foi para mim, aquela noite
Tudo aquilo que eu sonhei na vida
Mas agora você se foi, você se foi para longe
No caminho para sua ilha de chuva

Foi para você apenas coisa de uma noite
Mas você foi muito mais para mim
Apenas para você saber

Eu ouvi rumores sobre você
Sobre todas as coisas ruins que você faz
Mas quando nós estivemos juntos a sós
Você não pareceu um jogador

Eu não ligo para o que eles dizem
Eu sei o que você significou para mim aquele dia
Eu apenas queria outra tentativa
Eu apenas queria outra noite
Mesmo que isso não pareça nada correto
Você significou para mim muito mais
Do que qualquer outro que eu encontrei antes

Apenas uma única noite com você, pequeno Jesse
Vale milhares com qualquer outro

Eu não tenho amargura, meu querido
Eu nunca vou esquecer essa coisa de uma noite
Mesmo amanhã, em outros braços
Meu coração será seu até eu morrer

Deixe-me cantar uma valsa para você
Vinda de lugar algum, vinda dos meus pensamentos
Deixe-me cantar uma valsa para você
Sobre essa lindo amor de uma noite só

Fonte: www.vagalume.com.br
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Caso você queira confirmar cenas do filme, pode encontrar algumas no youtube. Basta digitar em search - "Before Sunset":

Trailer do filme> Caso você queira ter certeza que pretende assistir a esse filme, tente ver o trailer antes:
http://www.youtube.com/watch?v=XvFosXeqmDg&mode=related&search=

"Qual o seu próximo livro?" > Com legenda em espanhol, Ethan Hawke faz uma menção à questão literária. Como o filme trabalhou muito o improviso, não é difícil que o ator esteja falando de si mesmo e não seja a personagem. Confira!
http://www.youtube.com/watch?v=ezLOQUnAxyI

No café > os dois saem, quase às escondidas da livraria e vão a uma cafeteria. Os dois ainda estão se tateando... mas.... (legendas em algo incompreensível para mim)
http://www.youtube.com/watch?v=OTpxKdbgbis&mode=related&search=

"The Best part of Before Sunset" > nos extras, a produtora comenta que a cena rodada dentro do carro é a mais longa, tem 8 minutos. Além da interpretação uníssona de ambos, o diálogo deles, ali, aproximados à força pelo espaço exíguo, torna-se mais e mais verdadeiro, vão caindo as "máscaras". Muito bom!:
http://www.youtube.com/watch?v=9jxtiRjNc1o&mode=related&search=

"Waltz for a night" > Julie Delpy, cantora e atriz francesa, interpreta a canção cuja letra e tradução se encontram acima. A simplicidade e a clareza da voz dela são adequadíssimas ao momento do filme. Encantadoramente revelador. No youtube, sem legendas:
http://www.youtube.com/watch?v=7PCyNMrhxG4&mode=related&search=

Bom, há vários outros. Basta acessá-los. Como diriam os americanos: Enjoy it!

terça-feira, 1 de maio de 2007

Santa Maria de Belém do Grão-Pará







Conheça Belém



A maior cidade da linha do Equador é Belém, carinhosamente apelidada de “Cidade das Mangueiras”. É com essa referência que a capital do estado do Pará é exportada para o mundo inteiro pelo segmento turístico. Maior metrópole do Norte brasileiro, detalhe que credencia a Cidade Morena a ser considerada a porta de entrada para a região Norte, tornando-a Metrópole da Amazônia.
(...)
A inserção definitiva da imagem de Belém no cenário turístico nacional é um desafio (...) para resgatar aos cidadãos de Belém o orgulho com que outrora eles se referiam à capital, crendo que a cidade merece um tratamento digno de grandes capitais impulsionadas pelo turismo.
O trabalho nesse sentido pode ser constatado a partir do símbolo da nova administração, onde se vê a imagem estilizada de uma mangueira. O ícone é de forte apelo para a população que identifica turisticamente a capital como a Cidade das Mangueiras, alusão à grande quantidade dessa árvore nos principais corredores viários do município, formando uma espécie de túnel verde.
Nascida das expedições da Coroa Portuguesa em busca de novos territórios na foz do rio Amazonas, Belém foi fundada a 12 de janeiro de 1616. Foi o Capitão-mor Francisco Caldeira Castelo Branco quem aportou às margens da baía de Guajará para assegurar o domínio da nova terra e resguardá-la do ataque de corsários vindos da Inglaterra e da Holanda.
Belém também é denominada de Cidade Morena, característica herdada da miscigenação do povo português com os índios Tupinambás, nativos habitantes da região à época da fundação. O Censo 2000 informa que a população é de aproximadamente 1.281.279 habitantes, dos quais 54.052 pessoas habitam as 55 ilhas que constituem dois terços do território do município.
O povoamento da capital paraense se originou a partir da margem direita da foz do rio Guamá, no ponto em que deságua na baía do Guajará. Ali foi construído estrategicamente o Forte do Presépio para proteger a cidade. Mais tarde, com a construção do colégio e da igreja dos jesuítas, formou-se o primeiro núcleo de habitantes.
Estruturada, a cidade de Santa Maria do Grão Pará tornou-se a capital do Estado do Maranhão e do Grão Pará, em 1751, englobando todo o extremo norte do Brasil e, depois, passou chamar-se Santa Maria de Belém do Grão-Pará.
Os fatos que circundam a história de Belém tornaram a área do quadrilátero da fundação, roteiro obrigatório para turistas que visitam a capital do Pará. Hoje denominado de Complexo do Ver-O-Pêso, o centro histórico leva o nome de um dos logradouros mais exportados para o trade turístico nacional e internacional: o Mercado do Ver-o-Pêso, porto principal de barcos que chegam à cidade, procedentes de vários lugares.
As embarcações, que emprestam ao Ver-O-Pêso um burburinho riquíssimo culturalmente e muito peculiar, são um detalhe à parte. Mas a vida urbana de Belém sofre influências aquáticas em quase toda a sua totalidade; basta conhecer a rede hidrográfica da cidade: as baías do Sol, do Marajó, do Guajará, de Santo Antônio; os rios Guamá, Pratiquara, Murubira, Mari-Mari; igarapés do Tucunduba, Val-de-Cans, do Uma e do Combu; e o Furo do Maguari, só para citar os mais importantes.
O potencial hidrográfico de Belém é enorme pela posição privilegiada entrecortada por baías, rios, igarapés e furos que se espalham na porção continental e na região insular. A baía do Marajó a banha ao Norte; o leste é delimitado pelos municípios de Ananindeua, Santo Antônio do Tauá, Santa Bárbara do Pará e Marituba; o município de Acará e o rio Guamá são o limite ao sul; as baías do Guajará e do Marajó, limitam a cidade a oeste.
É comum ouvir no meio turístico uma referência à chuva de Belém, a clássica expressão “antes ou depois da chuva” em vários meses do ano. No entanto, o período de chuvas mais fortes vai de maio até dezembro.
O mês de julho é o ideal para se desfrutar o verão de Belém. Porém, até novembro, ainda se sente muito do calor belenense. Os termômetros registram nesse período temperaturas que variam de 20 graus mínimos à máxima de 38 graus.


Este site é de responsabilidade editorial da
Coordenadoria de Comunicação Social da Prefeitura (COMUS),
e responsabilidade técnica da Companhia de Informática de Belém (CINBESA)
Redação Site: comus@cinbesa.com.br
Suporte: suporte@cinbesa.com.br
Fonte de pesquisa: http://www.belem.pa.gov.br/app/paginas/conheca.belem.php


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Belém pelos outros:

A epopéia amazônica de João de Jesus Paes Loureiro
"Belém, na tua rede de mangueiras/ na verde solidão das altas horas/ o rio te põe no colo e te acalenta/ o rio te põe no colo e te apascenta/ o rio te põe no colo e te deflora"
(João de Jesus Paes Loureiro)

Fonte: http://www.ufpa.br/bc/bc%20informa/bc_cultura_classicos_paraenses.htm

.. E veio o Amor, este Amazonas
fibras febres
e mênstruo verde
este rio enorme, paul de cobras
onde afinal boiei e enverdeci
amei
e apodreci.

Max Martins
Fonte: http://www.icoaraci.com.br/literatura.htm




Bom Feriado

Espero que o 1º de maio seja realmente um bom feriado para todos nós. Que eu, por exemplo, fique boa de uma vez por todas dessa tremenda gripe. Que todos possam aproveitá-lo da melhor forma que quiserem. (E que meu Bem-querer não trabalhe tanto hoje, porque ele merece - e deve! - descansar). Que ninguém se machuque em alguma manifestação mundo afora.

Aproveitando o ensejo:

@>----,-- que nossos salários sejam dignos;
@>----,-- que haja trabalho para todos;
@>----,-- que haja ética profissional:
@>----,-- que haja polidez no dia-a-dia;
@>----,-- que seja-se o mais o profissional possível;
@>----,-- que o patrão não seja injusto;
@>----,-- que o empregado não seja "abusado";
@>----,-- @>----,-- @>----,-- que isso tudo não seja apenas uma utopia.

Feliz dia 1º de Maio!!!

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Toda a Graça de Almada


Alma de minha vida,
poesia de minh'alma,
Graça de poesia,
Almada-mulher.

Cidade encanto
palavra plena d'alma
o Tejo a banhar-te
a poesia a inundar-te

Graça menina a andar-te
Graça poesia a cantar-te
Graça mulher a amar-te.

Feliz cidade! -
que te transformas
em poesia à Graça
e, em graça, resplandeces.

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Graça Maciel é uma poetisa que nos illumina. Além de ser essa encantadora cantora na cidade de Almada, paradisíaco lugar banhado pelo Tejo, é alguém cuja delicadeza transpôs a distância em pixels e me deixou um alento que me ajudou a superar essa gripe horrorosa.

Obrigada, Graça! (ah! e desculpas mil pela poesiazinha de pés quebrados, mas tu vais entender que ainda estou a me recuperar, certo?).

Versos plenos para ti, sempre!

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Veja:
blogue da Graça: Inflorescências
blogue: O homem que gostava de mulheres:

Lembrança de Morrer




Lembrança de Morrer


Quando em meu peito rebentar-se a fibra
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro
- Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao deobre de um sineiro;

Como o desterrro de minh'alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade - é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade - é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada
Que por minha tristeza te definhas!

De meu pai... de meus únicos amigos,
Poucos - bem poucos - e que não zombavam
Quando, em noite de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!

Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.

Beijarei a vedade santa e nua,
Verei cristalizar-se osonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
- Foi poeta - sonhou - e amou na vida.-

Sombras do vale, noites da montanha
Que minh'alma antou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!

Mas quando preludia ave d'aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos...
Deixai a lua prantear-me a lousa!


Álvares de Azevedo, poeta romântico brasileiro,
morreu vítima da tuberculose - a tísica - antes de completar vinte e um anos.
Talvez a tuberculose tenha agravado o estado de pessimismo
no nosso poeta de tendências byronianas,
mas o fato é que até hoje seus poemas são lidos com certo fervor e devoção,
caracterizando-o como um dos mais mórbidos poetas da nossa literatura.
Infelizmente, poucas pessoas conhecem sua obra na íntegra,
apenas cultivando-o por poemas como o que está aqui transcrito.
Mas nosso jovem bardo também compôs poemas de caráter satírico
nos quais ele criticava - inclusive - os excessos do byronismo.
Paradoxal? Então leia a peça teatral "Macário".


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Stephen King escreveu, em "Sombras da Noite", um conto - cujo título eu não me lembro em absoluto - que se assemelhava ao livro "Decamerão", obviamente sem as contações de histórias. É um grupo de jovens fugindo, num futuro não muito distante, de uma nova praga. Um deles comenta que era estranho, pois todos achavam que a humanidade acabaria com a terra, mas estava sendo dizimada por um vírus. A curiosidade vai crescendo e o leitor fica se perguntando que nova praga seria essa. Não mais a Peste Negra, ou seja, a Febre Bubônica, mas... que seria?... O tal vírus é colocado como um número, quem tivesse pego o número tal, não pegaria o vírus número outro, que este sim, era fatal. E, tal como em Decamerão, eles saem de cidade em cidade, tentando driblar o vírus...da GRIPE.

-GRIPE?!?... como assim???... - dirá o meu leitor inconformado e incréu - só uma gripezinha?

Gripezinha?... gente! menos. Dor de cabeça tonitroante, corpo todo machucado e se maldizendo, tosse dolorida (sim! os pulmões se fazem sentir também), nariz entupido, "cansaço" respiratório, febre, espirros, mal-estar generalizado, dor de barriga.... Têm certeza que uma gripe hoje em dia pode ser chamada só de uma "gripezinha"?!

Quiçá Stephen King não esteja correto e a humanidade não termine graças a um supervírus de uma supergripe que nenhum superhomem conseguirá derrubar com um supermurro.

Na realidade, este post foi só para constatar o meu estado de saúde... precário.

Agora, com licença, que meus dedos também doem e minha cama reclama a minha presença urgente urgentíssima .

Ah, sim! agora deu para entender porque escolhi o poema de Álvares de Azevedo para hoje?
=P . Detalhe: a tuberculose tem voltado a atacar, observem as propagandas da TV Cultura.




domingo, 29 de abril de 2007

Licença, dona gripe!


A gripe me pegou. Ainda anteontem, 39ºC de febre. Pleno verão equatorial quase, eu tremia de meias, moletom, e blusa de mangas comrpidas, lençol. Caramba!

Resultado? fim-de-semana totalmente de molho. Fim de domingo, melhoro. Claro! tenho que trabalhar amanhã... =/

Cleydson Catarina, brincante, ator, mamulengeiro, compositor, saltimbanco, músico, diretor, poeta; artista. Idealizador e um dos fundadores do "Ministério do Recital dos Cavaleiros da Dama Pobreza", que depois se transformou em "Recital dos Cavaleiros da Dama Pobreza", agora deve ser "Cavaleiros da Dama Pobreza". A próxima mudança de nomenclatura ou será para "Cavaleiros" ou "Dama Pobreza".

Bem, apesar da brincadeira com o nome do grupo, Cleydson é uma pessoa sempre bem-vinda. Ele não me veio, mas me ligou. Entre tosses e rouquidões, conversamos sobre apresentações que estão ocorrendo na terrinha, filmes, músicas e.. (lógico!) peças de teatro. Cleydson tem uma paixão pelo medievalismo cristão. Mas não o da Inquisição. E sim o da fé. E me questionou sobre Inês de Castro.

Não tive como resistir. A última postagem é a resposta para Cleydosn Catarina. que não seja minha a culpa por ele não ter podido montar um espetáculo digno de si mesmo e para a alegria dos espectadores.

Paz e bem.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Muda boa-tarde


Bom-dia é branquinha e lembra claridade, já a boa-noite é rosa-escura, quase magenta. Para minha surpresa, descobri uma híbrida: a boa-tarde; branca, mas no centro já se tingindo de magenta, como se a flagrassêmos na troca de roupa; ela preparando-se para a noitada. A branca timidez ganhando concupiscências magentas quase rubras escarlates.

Bom-dia, boa-noite e boa-tarde são nomes populares para um arbusto que floresce facilmente em climas quentes e medra rapidinho, rapidinho.

Pois uma plantinha tão singela quase causa furor por onde passei, sobraçando aquele vasinho com a muda recém-comprada. No trabalho, houve longos e namoradores olhares das minhas colegas. Todas - evidente! - sabiam o nome da tal plantinha, embora desconhecessem a variedade mista dela. Mas ao pegar a condução no final da tarde... agradáveis pequenas surpresas me enlanguesceram; tornaram-me crédula da humanidade.

Coletivo de fim-de tarde parece desejar competir com as latas de sardinhas. Ao passar pela catraca, o trocador me segurou - com toda a gentileza possível - minha muda de boa-tarde, que, gentilmente sorriu-lhe em agradecimento (Sim! por que não?... e aquela sombra de sorriso que vislumbrei no rosto dele o que era senão um sorriso em resposta ao mudo agradecimento de minha mudinha? heim? ora, pá!).

Finquei-me ao lado de uma moça que lia uma revista em francês. Quase fiquei com torcicolo a fim de acompanhar-lhe a leitura (está cada vez mais difícil encontrar material atualizado em francês nas bancas; é o monopólio cultur-ARGH-l norteamericanalhado. Nada contra a cultura norte-americana, mas não consigo entender o "monopólio cultural" - se é monopólio, deixa de ser cultura e passa a ser tirania, mas esse é um tópico para outro dia). A moça intelectualizada não percebeu minha muda implorando-lhe socorro . É, porque fica difícil tentar se manter em pé quando o motorista é um Schumacher frustrado, ainda mais segurando bolsa, livros e uma delicada muda silvestre.

Mas... ao lado da nossa intelectual francesa estava um rapaz. Este, ao ouvir o apelo mudo da boa-tarde, praticamente arrancou-ma docemente dos braços e a segurou, não... a envolveu com um ar decidido no rosto que me fez lembrar gravuras antigas de livros de contos de fadas; não era um rapaz com uma muda de boa-tarde, era antes um cavaleiro salvando uma frágil donzela dos dissabores do dragão da multidão. Os cuidados com que ele a segurava enterneceram meu coração empedernido. A moça do banco da frente sacudiu as longas madeixas, ameaçando machucar com sua cabeleira gloriosa os frágeis talos da plantinha. Coisa que não ocorreu porque o salvador da boa-tarde a mudou rápido de posição, pondo-a a salvo, enquanto lançava um olhar preventivo e zangado para a ameaça em potencial logo à frente. Baixei a cabeça para sorrir melhor intimamente.

Desci quase saltitante da condução.

Uma eu refleti: que se o homem hoje não aparenta sensibilidades, não seria porque ele quase nunca é confrontado com algo que o sensibilize?

Cultivar mais plantas e menos sisudez - talvez seja um bom primeiro passo.

Considerem isso um convite a plantar alegrias no seu dia a dia.

Post-scriptum: Neste mesmo instante, minha boa-tarde se orvalha com a chuva desta madrugada e eu posso vê-la à janela do meu gabinete improvisado. E, garanto-lhes, não posso deixar de sorrir. Flores sempre fazem isso comigo: acreditar na beleza da vida.