Charge de Clayton, no Jornal O Povo
Fiscalizava uma prova de redação para o 8º ano. Um dos alunos, sem pretensões de fazer a prova, pendurou em sua orelha um brinco um pouco longo e começou a brincar... balançando a cabeça para ver se alcançava o brinco com a própria boca.... Éééééé..... o negócio estava sério. Resolvi - de pura bandalheira e para não ver mais essa cena dantesca - fazer um rascunho da seguinte proposta:
Redija uma carta de indignação sobre o caso Renan Calheiros.
Eis meu rascunho:
Estava à toa na vida, mas nenhuma banda apareceu. Que saudades dos tempos que não vivi! Quem sabe assim, eu não estivesse no mais profundo desencantamento com o atual quadro político.
O pior: a consciência de que tal corrupção sempre existiu, apenas hoje estamos cientes dos fatos. E quem disse que provar da fruta da árvore do conhecimento traz felicidade? estamos mais sabedores e sofrendo mais por averiguar que, no final, a impunidade permanece a mesma. E Renan Calheiros está a provar isso.
Sentimo-nos escorraçados, ainda que metaforicamente, do éden da ignorância e ansiamos por nos cobrir, envergonhados de tanta injustiça reinante neste país.
Indignação? não somente, mas sobretudo frustração impotente. Porque é quase certo que o resultado do Mensalão não tenha realmente surpreendido uma grande maioria. Mas é inegável que havia, sim, no mais recôndito fio de esperança, uma sede de justiça luzindo. E que triste a realidade. No mínimo, decepcionante.
O que resta ao povo - assim como eu - fazer? Ficar à toa na vida, na esperança do velho binômio "pão e circo" aplacar, miminizar essa indignação.
Tetê Macambira
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