sábado, 19 de maio de 2007

Mulheres Perfeitas



Assistir a mais um desdobramento de Nicole Kidman parece mais uma absorvente experiência cinematográfica. Sem dúvida, Nicole é uma das raras profissionais do cinema que conseguem se ajustar à nova personagem como se fosse apenas uma troca de vestuário. Ela é intensa. E esse é o único adjetivo que melhor se ajusta à sua "camaleonice". Ora santa, ora pecadora, Nicole nos arrebata, pois parece introjetar em si toda a essência que aquela personagem exige e transmiti-la como sua própria verdade, e não uma verdade alheia. Ela, Nicole Kidman, é um monstro. No bom sentido para o telespectador de suas múltiplas façanhas no telão. Só pela interpretação dela, já vale a pena assistir ao filme.

Nas primeiras cenas, logo me apercebi de estar vendo uma refilmagem. No entanto, continuei, absorvida pelo impacto "Kidman". Fui obrigada, de bom grado, a assistir a todo o filme. E pude deliciar-me com o inesperado "happy end" emprestado da contemporaneidade cada vez mais com temperos medievalescos.

"Stepford's Wives" é o nome original do livro que, na década de 70, foi sinônimo de grito pró-feminista e contra toda a pretensão machista-burguesa masculina. No Brasil, o livro de Ira Levin teve como título "Casa de Bonecas". Já o filme, de 1975, com o título de "As Esposas de Stepford", foi por mim assistido anos depois de sua veiculação numa daquelas noites de insônia acompanhada pela (quase) fiel programação do Corujão. Lembro-me perfeitamente do impacto que o filme me causou, anos atrás. Principalmente pelo final pessimista.

Se o diretor Frank Oz preferiu finalizar de uma outra forma, talvez tenha sido graças à necessidade do "novo homem"; um homem atualizado com as mudanças no plano feminino e que possa acompanhar a mulher sem ter pejo de sua pretensa inferioridade. Pois que um homem não será inferior a uma mulher apenas por não ser ele o Provedor da casa. Ficou isso bem esclarecido no filme, quando Nicole/ Joanna, ao final da trama, quando os outros maridos se revoltam com Matthew/ , dizendo que ele era um "Maricas!", ela rebate enfática mas suavemente: "Não. Que homem!". Os olhos apaixonados e respeitosos dela resumem a mensagem do filme - Sim, é difícil para os homens conviverem com mulheres que lhe parecem superiores, mas aceitá-las, amá-las, respeitá-las é prova da mais profunda masculinidade que uma mulher atual e ativa possa desejar. Isso, sim, é um homem de verdade que deseja ao seu lado uma mulher de verdade e não uma boneca programada para os desejos dele.

Uma fábula modernizada para os tempos atuais.

Críticas negativas? Sempre as há, lógico! Apesar do elenco majestoso, os outros atores mais parecem pertencer ao cenário do que viverem nele. Há uma falta de continuidade, quando, por exemplo, é descoberta a trama e as mulheres enquadram seus respectivos maridos. Nicole, Mathew e Glenn tomam a cena. E lá atrás, todos ficam parados. Inexplicavelmente.

Mas, de qualquer forma, vale a pena assisti-lo. Mas sem grandes expectativas.




Sítio para saber um pouco mais do filme "Mulheres Perfeitas", de 1975: http://www.dvdpt.com/m/mulheres_perfeitas_1975.php

Sítio para comentar sobre este filme:
http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/mulheres-perfeitas/mulheres-perfeitas.asp

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