quarta-feira, 27 de agosto de 2008

TD Inrwepretação, Concordância e Revisão

T.D. Interpretação de Textos

(UNIRIO) Texto para as questões 1 a 8:
APELO
"Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite e eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença a todas as aflições do dia, como a última luz na varanda.
E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero da salada - o meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor". (DALTON TREVISAN)

1. Assinale a opção que contém a frase que justifica o título do texto:
a) "Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou."
b) "Toda a casa era um corredor deserto."
c) "Acaso é saudade, Senhora?"
d) "Que fim levou o saca-rolhas?"
e) "Venha para casa, Senhora, por favor."

2. Considerando o sentido geral do texto, a significação de esquecido em esquecido na conversa de esquina, é:
a) não lembrado por Senhora
b) entretidos com os companheiros, na esquina
c) afastado da sensação de ausência de Senhora
d) absorto pela falta da mulher
e) pensativo por causa da conversa na esquina

3. Assinale a opção que justifica a afirmativa Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, (...):
a) A quebra da rotina traz a sensação de liberdade.
b) A relação amorosa estabelece limites para a liberdade de cada um.
c) A sensação de liberdade faz falta a algumas pessoas.
d) O estranhamento causado pela ausência do ser amado é acentuado pela rotina.
e) O novo tem um apelo encantatório, que afasta o sentimento de ausência.

4. Dimensionando-se a questão do tempo em Não foi ausência por uma semana, pode-se afirmar que essa ausência:
a) durou mais de um mês
b) tinha durado sempre apenas uma semana
c) começou a ser vivenciada após uma semana
d) só foi percebida durante uma semana
e) foi notada a partir do vigésimo nono dia

5. A marca da Senhora está contraditoriamente impressa em fatos que correm na sua ausência. Assinale a opção imprópria para exemplificar o que se afirma nesta questão:
a. "não senti falta"
b. "o leite primeira vez coalhou"
c. "a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada."
d. "o canário ficou mudo"
e. "Não tenho botão na camisa"

6. O caminho do homem pela mulher agora ausente manifestava-se através da(s):
a) falta de botão na camisa
b) bebida partilhada com os amigos
c) conversa demorada na esquina
d) presença aconchegante ao fim da jornada
e) discussões sem importância às refeições

7. No texto, o primeiro sinal do sentimento da ausência da mulher é indicado pelo trecho:
a) "o batom ainda no lenço"
b) "a imagem de relance no espelho"
c) "o leite primeira vez coalhou"
d) "o canário ficou mudo"
e) "eu ficava só"

8. O penúltimo período do texto dimensiona o papel de Senhora na família. Assim, ela pode ser definida como:
a) sublevadora
b) apaziguadora
c) sofredora
d) dominadora
e) impostora

9. (UE-RJ) Falei-lhe há pouco da excentricidade de certos aumentativos. Usa-se no Ceará um gracioso e especial diminutivo, que talvez seja empregado em outras províncias; mas com certeza se há de generalizar, apenas se vulgarize.
Não permite certamente a rotina etimológica aplicar o diminutivo ao verbo. Pois em minha província o povo teve a lembrança de sujeitar o particípio presente a esta fórmula gramatical, e criou de tal sorte uma expressão cheia de encanto.
A mãe diz do filho que acalentou ao colo: "Está dormindinho". Que riqueza de expressão nesta frase tão simples e concisa! O mimo e ternura do afeto materno, a delicadeza da criança e sutileza do seu sono de passarinho, até o receio de acordá-la com uma palavra menos doce; tudo aí está nesse diminutivo verbal.
Não faltariam, como de outras vezes tem acontecido, críticos de orelha, que depois de medido o livro pela sua bitola, escrevessem com importância magistral: "Este sujeito não sabe gramática". E têm razão; gramática para eles é a artinha que aprenderam na escola, ou por outra, uma meia dúzia de regras que se afogam nas exceções.
Nós, os escritores nacionais, se quisermos ser entendidos do nosso povo, havemos de falar-lhes em sua língua, com os termos ou locuções que ele entende, e que lhe traduzem os usos e sentimentos.
Não é somente no vocabulário, mas também na sintaxe da língua, que o nosso povo exerce o seu inauferível direito de imprimir o cunho de sua individualidade, abrasileirando o instrumento das idéias. (José de Alencar, Posfácio de Iracema, in: Obras Completas, vol. 4, Rio de Janeiro, J. Aguilar, 1964, pp. 965-6)

A afirmação que não corresponde ao texto é:

a. O povo tem o direito de abrasileirar a língua que recebeu dos portugueses
b. Os escritores brasileiros devem usar as expressões do povo para serem entendidos
c. A província do Ceará é uma das regiões criativas na produção de brasileirismos
d. Segundo os críticos, empregar o diminutivo em verbos é um erro grave de gramática
e. Uma das críticas que se podem fazer à gramática é a sua enorme quantidade de exceções

10. (UE-RJ) Entre os muitos méritos dos nossos livros nem sempre figura o da pureza da linguagem. Não é raro ver intercalados em bom estilo os solecismos da linguagem comum, defeito grave, a que se junta o da excessiva influência da língua francesa. Este ponto é objeto de divergência entre os nossos escritores. Divergência digo, porque, se alguns caem naqueles defeitos por ignorância ou preguiça, outros há que os adotam por princípio, ou antes por uma exageração de princípio.
Não há dúvidas que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades dos usos e costumes. Querer que a nossa pare no século de quinhentos, é um erro igual ao de afirmar que a sua transplantação para a América não lhe inseriu riquezas novas. Há, portanto, certos modos de dizer locuções novas, que de força entram no domínio do estilo e ganham direito de cidade.
Mas se isso é um fato incontestável, e se é verdadeiro o princípio que dele se deduz, não me parece aceitável a opinião que admite todas as alterações da linguagem, ainda aquelas que destroem as leis da sintaxe e a essencial pureza do idioma. A influência popular tem um limite; e o escritor não está obrigado a receber e dar curso a tudo o que o abuso, o capricho e a moda inventam e fazem correr. Pelo contrário, ele exerce também uma grande parte de influência a este respeito, depurando a linguagem do povo e aperfeiçoando-lhe a razão. (Machado de Assis, Instinto de Nacionalidade. In: Obras Completas, vol. 3, Rio de janeiro, Nova Aguilar, l973, pp. 808-9.)

Em relação ao texto a afirmativa correta é:

a. A hegemonia do uso popular da língua deve ser incorporada pelos escritores.
b. O equilíbrio entre o erudito e o popular deve ser evitado por todo escritor de valor.
c. A influência francesa deve ser incorporada integralmente pelos escritores brasileiros.
d. A dedicação do escritor deve ser, sobretudo, valorizar as alterações morfossintáticas da língua. e. O escritor, embora receba influência popular, também influi no uso do idioma, depurando a linguagem do povo.

11. (UE-RJ) A literatura não toma o nome da terra, toma o nome da língua: sempre assim foi desde o princípio do mundo, e sempre há de ser enquanto ele durar. (José da Gama e Castro: Jornal do Commercio, 29/01/1842.)
A prevalecer a opinião de Gama e Castro, a literatura produzida no Brasil deveria tomar o seguinte nome:

a) literatura ibero-americana
b) literatura luso-brasileira
c) literatura portuguesa
d) literatura brasileira
e) literatura universal

12. (TTN) Assinale a opção que mantém o mesmo sentido do trecho sublinhado a seguir: Uma das grandes dificuldades operacionais encontradas em planos de estabilização, é o conflito entre perdedores e ganhadores. Às vezes reais, outras fictícios, estes conflitos geram confrontos e polêmicas que, com freqüência, podem pressionar os formuladores da política de estabilização a tomar decisões erradas e, com isto, comprometer o sucesso das estratégias antiinflacionárias. (Folha de São Paulo, 7/5/94)

a. O sucesso das estratégias antiinflacionárias pode ficar comprometido se os formuladores da política de estabilização, pressionados pelos confrontos e polêmicas decorrentes de conflitos, tomarem decisões erradas.
b. Os formuladores da política de estabilização podem tomar decisões erradas se os conflitos, gerados por confrontos e polêmicas, os pressionarem; sucesso das estratégias antiinflacionárias fica, com isto, comprometido.
c. Estes conflitos, reais ou fictícios, geram confrontos e polêmicas que, freqüentemente, podem pressionar os formuladores da política de estabilização a tomar decisões erradas, sem, com isso, comprometer o sucesso das estratégias antiinflacionárias.
d. O sucesso das estratégias antiinflacionárias pode ficar comprometi se, pressionados por conflitos, reais ou fictícios, os formuladores da política de estabilização gerarem confrontos e polêmicas ao tornarem as decisões erradas.
e. Os conflitos, às vezes reais, outras fictícios, que podem pressionar os formuladores da política de estabilização a confrontos e polêmicas, comprometem o sucesso das estratégias antiinflacionárias, se as decisões tomadas forem erradas.

13. (TTN) Assinale a ordem em que os fragmentos a seguir devem ser dispostos para se obter um texto com coesão, coerência e correta progressão de idéias. (Adaptado do texto de Édson Lopes Cardoso)

1. Não apenas os manuais de história, mas todas as práticas educativas da escola são transmitidas a partir de uma visão etnocêntrica.
2. O sistema educacional brasileiro ignora a multiplicidade de etnias que habita o País.
3. A escola brasileira é branca não porque a maioria dos negros está fora dela.
4. Deve-se incluir na justificação da evasão escolar a violência com que se agride a dimensão étnica dos alunos negros.
5. Estes, se querem permanecer na escola branca, têm de afastar de si marcas culturais e históricas.
6. É branca porque existe a partir de um ponto de vista branco.

a) 1 - 2 - 3 - 6 - 5 - 4
b) 4 - 5 - 2 - 1 - 6 - 3
c) 2 - 1 - 3 - 5 - 4 - 6
d) 2 - 1 - 3 - 6 - 4 - 5
e) 1 - 3 - 6 - 5 - 2 - 4

14. (AFTN) Indique a afirmativa que interpreta corretamente o trecho transcrito abaixo: "... esta minha a que por aí chamam prolixidade, bem fora estaria de merecer os desprezilhos, que nesse vocábulo me torcem o nariz. A mais copiosa das orações não é, ainda assim, difusa, quando o assunto não comportara menos dilatado tratamento. Não haverá prolixidade, em não havendo sobejidão; e o discurso não entra a cair no vício de sobejo, senão quando excede a medida à matéria do seu tema. Só principia a superabundância, onde se começa a descobrir a superfluidade". (Ruy Barbosa)

a) O conceito de prolixidade, em Ruy Barbosa, incorpora as noções de complexidade temática e seletividade do auditório.
b) No trecho, Ruy Barbosa rebate as críticas dos que lhe impõem a pecha de orador sobejo em superficialidade.
c) Ruy Barbosa desdenha dos vocábulos desprezíveis por fazerem eles o discurso cair no vício do sobejo.
d) A caracterização de um discurso prolixo, para Ruy, deve considerar a largueza do assunto a ser tratado.
e) Depreende-se do trecho que a medida da prolixidade é inversamente proporcional à medida da sobejidão.

15. (AFTN) Indique a opção que completa com coerência e coesão o trecho abaixo (extraído do Manifesto dos "Pioneiros da Educação Nova"): Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar a primazia dos planos de reconstrução nacional. Pois, se a evolução de um país depende de suas condições econômicas,

a. subordina-se o problema pedagógico à questão maior da filosofia da educação e dos fins a que devem se propor as escolas em todos os níveis de ensino;
b. é impossível desenvolver as forças econômicas ou de produção sem o preparo intensivo das forças culturais;
c. são elas as reais condutoras do processo histórico de arregimentação das forças de renovação nacional;
d. o entrelaçamento das reformas econômicas e educacionais constitui fator de somenos importância para o soerguimento da cultura nacional;
e. às quais se associam a projetos de reorganização do sistema educacional com vistas à renovação cultural da sociedade brasileira.

16. (AFTN) Indique a seqüência correta que transforma os fragmentos abaixo em um texto coeso e coerente:

1. Assiste-se hoje a um momento de superação do conceito de Estado-Nação.
2. Novembro de 1989. Anoitece em Berlim e milhares de pessoas se dirigem ao Muro de Berlim.
3. Em questão de horas, o Muro era desfigurado, e, com ele, a ordem internacional implantada no pós-guerra.
4. O fenômeno tem atraído a atenção de acadêmicas e analistas políticos de todo o mundo.
5. Na nova etapa histórica que se inaugurou a partir de então, o mundo assistiu, perplexo, à desintegração da União Soviética e da Iugoslávia.

a) 4 - 3 - 5 - 1 - 2
b) 1 - 4 - 5 - 2 - 3
c) 2 - 3 - 5 - 4 - 1
d) 4 - 1 - 5 - 2 - 3
e) 2 - 3 - 4 - 1 - 5

(FMU) Texto para as questões 17 a 21:

PETIÇÃO

§1º "Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se vêem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além que, dentro do nosso país, os autores e escritores, com especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma - usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani, como língua oficial e nacional do povo brasileiro.
§2º O suplicante, deixando de parte argumentos históricos que militam em favor de sua idéia, pede vênia para lembrar que a língua é a mais alta manifestação da inteligência de um povo, é a sua criação mais viva e original; e, portanto, a emancipação política do país requer como complemento e conseqüência a sua emancipação idiomática.
§3º Demais, Senhores Congressistas, língua originalíssima, aglutinante, é verdade, mas a que o polissintetismo da múltipla feições de riqueza, é a única capaz de traduzir as nossas belezas, de pôr-nos em relação com a nossa natureza e adaptar-se perfeitamente aos nossos órgãos vocais e cerebrais, por ser criação de povos que aqui viveram e ainda vivem, portanto possuidores da organização fisiológica e psicológica para que tendemos, evitando-se dessa forma as estéreis controvérsias gramaticais, oriundas de uma difícil adaptação de uma língua de outra região à nossa organização cerebral e ao nosso aparelho vocal - controvérsias que tanto impedem o progresso da nossa cultura literária, científica e filosófica.
§4º Seguro de que a sabedoria dos legisladores saberá encontrar meios para realizar semelhante medida e cônscio de que a Câmara e o Senado pesarão o seu alcance e utilidade P. E. deferimento." (Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma)

17. Quaresma é o Emissor, o Receptor é:

a) a Câmara dos Deputados
b) a Câmara dos Vereadores
c) o Senado de Lisboa
d) os Congressistas da Assembléia Nacional Constituinte de 1934
e) o Congresso Nacional

18. O Emissor pede no requerimento que:

a. o tupi-guarani seja a língua oficial e nacional da nação brasileira
b. o falar e o escrever se aperfeiçoem
c. autores e escritores, especialmente os gramáticos, os quais quase nunca se entendem
d. se divulgue ser a língua a mais alta manifestação da inteligência de um povo
e. se declare o tupi-guarani, língua originalíssima e aglutinante

19. O juízo que Quaresma faz dos autores, escritores e gramáticos nasce:

a. de uma crítica apaixonada e do conhecimento superficial dos problemas da língua
b. de uma crítica absolutamente correta que faz dos gramáticos, os quais quase nunca se entendem
c. da maneira correta de como interpreta os fatos históricos
d. da beleza fonética do tupi-guarani, língua original e aglutinante
e. do conhecimento que demonstra ter do polissintetismo

20. "O suplicante, deixando de parte os argumentos históricos, que militam em favor de sua idéia, pede vênia para lembrar que a língua é mais alta manifestação da inteligência de um povo...". Suplicante, no texto, é:

a) o receptor
b) a mensagem
c) o peticionário
d) o tema
e) a testemunha

21. Vênia, no texto, é:

a) veneração
b) satisfação
c) lembrança
d) licença
e) manifestação

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